.gravidade
2004/12/03
 

Em entrevista à revista Visão nº 500, o físico e biólogo Alexandre Quintanilha dizia-nos que “o séc. XIX foi a era da Química e o séc. XX a da Física do mesmo modo que o séc. XXI será da Biologia.” É desta forma, algo visionária, que este cientista nos resume dois séculos de Ciência e nos lança pistas para o futuro da mesma. Se no século anterior a física apresentou dos maiores desenvolvimentos nos domínios da relatividade ou da mecânica quântica, passando pela física das altas energias até à das baixas temperaturas, a alvorada do novo século trouxe algumas das mais mediáticas investigações na área da biologia, desde a clonagem até ao mapeamento do ADN humano. Não foi só na biologia que estes resultados se notaram, em todas as áreas o desenvolvimento tecnológico tem impulsionado um conhecimento científico. A Astronomia não é excepção, novos telescópios como o VLT-Very Large Telescope o maior telescópio terrestre alguma vez construído, fruto da cooperações de vários países da Europa (incluindo Portugal) mais o sul-americano Chile, LIGO – Laser Interferometer Gravitational Wave Observatory, que nos pode ajudar a resolver um dos enigmas deixados por Einstein, a existência de ondas gravíticas, e o lançamento do futuro telescópio espacial, o telescópio espacial James Webb, que vai trazer até nós algumas belas imagens a que o Universo nos tem habituado. Estes grandes investimentos financeiros são um pesado fardo nos orçamentos dos países envolvidos e a recessão económica que se sente a nível internacional tem abrandado alguns destes projectos. Mas há uma nova ciência a despontar, a Astrobiologia.
A Astrobiologia é fruto de um esforço conjunto entre Astronomia e a Biologia (mas também da Química e a Geologia) na tentativa de explicar a origem da Vida, quer no planeta Terra quer noutros planetas.
Desde 1995 que a descoberta de planetas extra solares trouxe para as primeiras páginas dos jornais, uma questão que tantas vezes já nos colocámos: “ Estaremos sozinhos no Universo?”. Esta questão tem duas respostas possíveis: sim e não. Um grupo de astrobiologos afirma que é comum existência de vida na nossa Via Láctea. Por outro lado, a hipótese da vida ser rara no Universo, é defendida por um grande grupo de investigadores, colocando a Terra como um dos únicos locais ideias para o aparecimento de vida.
Para a vida, tal como a conhecemos, despontar são necessários alguns ingredientes, tais como água, uma fonte térmica, e constituintes químicos baseados no carbono. A Astrobiologia pretende estudar com detalhe esse sistema físico-químico e tentar perceber se a vida poderá ter aparecido em algum dos planetas até agora descoberto. Os excelentes resultados de experiências realizadas nos últimos anos, como a descoberta de vida em locais terrestres onde era inimaginável a mesma, vieram permitir o financiamento de sondas espaciais, especializadas na procura de planetas parecidos com a Terra, que brevemente vão-nos revelar mundos novos e que poderão transformar de forma drástica as ideias cientifico filosóficas de concepção de vida.
Será a maior descoberta do século XXI a existência de Vida para além do nosso pequeno planeta Terra?


Publicado originalmente no Diário XXI dia 15 Nov 2001 e na revista digita ag100.org no número menos 5.
 
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ciência em geral| astronomia em particular| por pedro r.

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