.gravidade
2006/02/06
 


Não é fácil ficar indiferente às fantásticas imagens que o Universo circundante nos presenteia. Desde o nosso planeta Terra, passando pelo Sistema Solar, até às mais distantes galáxias, há fabulosas imagens que preenchem a nossa imaginação e nos dão algumas pistas para a compreensão do Universo em que vivemos.

O advento da tecnologia trouxe para o grande público a possibilidade de captar imagens com uma enorme facilidade, as máquinas fotográficas digitais são um acessório quase tão presente quanto o telemóvel. Devemos a invenção da fotografia digital a Willard Boyle e George Smith que em 1969 inventaram o CCD (charge-coupled device). Este dispositivo é constituído por uma grelha de pixels que registam a quantidade de luz que recebem e a transformam em corrente eléctrica pelo efeito fotoeléctrico (descoberto em 1905 por Einstein e que lhe valeu o Prémio Nobel da Física em 1921). As máquinas fotográficas digitais, geralmente usam um filtro de Bayer que tem uma resposta diferente para cada cor básica (vermelho, verde ou azul). Assim determinados pixels da grelha do CCD apenas registam uma das cores, que posteriormente são compostas numa imagem colorida
Já há muito que a Astronomia incorporou esta técnica nas suas observações, desde aos astrónomos amadores até aos maiores telescópios, como o Hubble, usam CCD para as suas observações.
Lançada em 2003 a missão a Agência Espacial Europeia, Mars Express levou a bordo uma câmara fotográfica de alta resolução, a High Resolution Stereo Camera. Esta câmara, desenhada para captar imagens a cores e 3D de todo o planeta Marte, é a demonstração do poder que as imagens podem ter no grande público sem descorar a ciência. Para além da grande qualidade cientifica das imagens, é fácil observar e compreender como é constituída a superfície do nosso planeta vizinho, com dunas, crateras com gelos, calotes polares e um sem numero de formação geológicas que fascinam tanto os geólogos na Terra como as crianças.
Recentemente o Telescópio Espacial Hubble foi levado aos seus limites para capturar uma imagem única da Nebulosa de Orion, na constelação de Orion.
O Hubble orbita a 600 km acima da superfície terrestre, bem acima da nossa atmosfera que distorce as imagens. Pode ser actualizado de forma a beneficiar dos últimos desenvolvimentos a nível de instrumentação e software. O telescópio foi desenhado de forma a tirar imagens de alta-resolução e espectros exactos pela concentração de luz para formar imagens mais exactas que as permitidas a partir do solo, onde a “cintilação” das estrelas provocada pela atmosfera limita a clareza. Por conseguinte, apesar da sua modesta abertura de 2.4 metros, o Hubble é bem mais do que capaz de competir com os telescópios apoiados no solo com colectores de luz (i.e. espelhos) com áreas 10 e 20 vezes mais amplas.
A imagem da Nebulosa de Orion revela densos pilares de gás, intricados com poeira e zonas de formação estelar, iluminadas pela luz ultravioleta das estrelas jovens e massivas que acabaram de se formar. Muitas das formações que agora se conseguem observar e estudar nunca foram observadas até ao momento, tornando esta imagem uma fonte inesgotável de dados científicos. Este mosaico contém mais de mil milhões de pixels, contendo mais de 3000 estrelas, algumas delas têm uma luminosidade 100 vezes mais fraca que as estrelas que foram observadas anteriormente.
As imagens que a ciência nos presenteia servem não só para a investigação, mas também para despertar a nossa curiosidade pelo Universo que nos rodeia e captar a atenção dos mais novos para as áreas científicas e tecnológicas. Assim o legado fotográfico que a astronomia nos deixa é muito mais que a nossa capacidade de estudar o Universo, é também um herança para capacidade de sonhar.

 
2005/06/24
 

Curso de Astronomia em análise

“O céu à noite sempre me fascinou”

João Roldão e Pedro Russo

O curso de Física / Matemática Aplicada (Astronomia) nasceu em 1984. Com apenas dez anos, a democracia portuguesa soltava os seus primeiros lampejos de independência científica, e pegando nesse forte impulso, o Porto lançava-se ao desafio de formar astrónomos. Em 2002, já se haviam licenciado em Astronomia, pela Universidade do Porto, 94 alunos.

Actualmente, o curso é o único do país. Tendo em conta a média europeia – 100 astrónomos profissionais por país –, Portugal tem ainda um caminho longo a percorrer. João Lima, professor na licenciatura e um dos primeiros licenciados do curso, recorda que “só existem 50 a 60 astrónomos profissionais e é preciso mais gente”.

Com a implementação do Processo de Bolonha muito vai mudar nas universidades portuguesas. Teresa Lago, “fundadora” do curso, assegura que isso não constituirá um problema para o futuro da formação em Astronomia, “pese embora estar tudo à espera de uma clarificação da faculdade sobre o modelo a adoptar [4+1 ou 3+2] ”. João Lima afiança que “o resultado final não será dramaticamente diferente. O curso acomodar-se-á a um ou a outro modelo”

No entanto, o funcionamento bidepartamental do curso, descoordenado segundo os alunos, tem fomentado a criação de alguns problemas. A enorme dependência financeira dos departamentos em relação ao número de alunos que estão sob a “sua alçada” é um factor determinante. Astronomia constitui, com os seus 20 alunos por ano, uma forma de subsistência e equilibro de contas, quer para Física, quer para Matemática Aplicada.

Miguel Costa, coordenador da licenciatura pelo departamento de Física e licenciado em Astronomia, refere que para solucionar alguns dos problemas inerentes ao curso, “deve ser acatada a recomendação da comissão de avaliação pedagógica - avaliou há pouco tempo o curso - que sugere a aplicação de um sistema de rotatividade nos coordenadores de licenciatura”. Neste momento, apenas o coordenador do lado da física vai variando, pois a coordenadora pelo departamento de Matemática Aplicada mantém-se no cargo desde o início.

Teresa Lago refere-se ao curso como uma “mais-valia inequívoca”, sustentando a sua opinião no internacionalismo (a dinâmica das organizações internacionais das quais Portugal faz parte ao nível da Investigação em Astronomia), na interdisciplinaridade (o domínio desta ciência depende de conhecimentos muito sólidos em Física e Matemática) e na formação como seres humanos – “os licenciados em Astronomia interiorizam a medida adequada enquanto pessoas no Universo”

Este ano, será de excepção para o curso de Astronomia, já que se licenciarão cerca de 12 alunos. O número é quatro vezes superior à média anual de creditações.

Críticas dos alunos

Os alunos mostram-se descontentes com algumas incongruências da licenciatura que frequentam. À já focada descoordenação bidepartamental, juntam a falta de disciplinas proeminentemente de astronomia nos dois primeiros anos (excepção feita à cadeira de Elementos de Astronomia, o plano de estudos centra-se na aprendizagem de ferramentas sólidas em matemática e física), a inadequação dos laboratórios de física às necessidades da licenciatura e a inexistência de disciplinas observacionais até ao quarto ano. Pedro Avelino, professor do departamento de física e igualmente licenciado em Astronomia, discorda da opinião de que a licenciatura deva ser reforçada com cadeiras mais ligadas à astronomia propriamente dita nos primeiros anos, pois “é muito mais importante a construção de uma base sólida em matemática e física”

Teresa Lago adianta que “para utilizar telescópios do ponto de vista profissional, é preciso saber o que se está a fazer. Ora isso não impede aulas de observação e estamos a preparar essa alteração”.

Saídas profissionais

As saídas profissionais são um dos principais factores que levam os alunos a escolher um curso superior. Em Astronomia essa razão quase nunca aparece. Para Joana Ascenso, licenciada em Astronomia, o facto da “astronomia tocar tantas áreas do conhecimento e envolver as tecnologias mais avançadas faz com que seja uma ciência […] com infinitas possibilidades”. Alexandre Aibéo, também licenciado em Astronomia, tem uma ideia um pouco distinta, “ se soubesse o que sei hoje nunca teria ingressado na licenciatura de Astronomia". A escolha de um outro curso, “com um centésimo do esforço dispendido neste”, teria aberto mais possibilidades de emprego, afirma.

Segundo dados disponibilizados pelo departamento de Matemática Aplicada, referentes aos licenciados no período de 1988 a 2002, quase um terço dos alunos (29%) não se encontra a efectuar um pós doutoramento, um doutoramento ou um mestrado, nem é docente já doutorado. Contudo, João Lima desdramatiza a situação justificando que “a maior parte sai para trabalhar em astronomia”. Teresa Lago partilha o ponto de vista e acrescenta que “não tem existido uma grande variação do perfil do caminho escolhido pelo licenciado”. No que diz respeito a esta temática das saídas profissionais, os alunos mostram-se optimistas, pese embora o facto de reconhecerem que é preciso procurar bem – “não te vem cair nada às mãos, mas se procurares arranjas, principalmente no estrangeiro” assegura Daniela Gonçalves.

João Lima refere que “no início, quando as estruturas de apoio não existiam, era mais díficil um aluno prosseguir os estudos pós-licenciatura em Portugal. Actualmente se o aluno quiser ficar cá a tirar o doutoramento pode, mas é sempre mais interessante sair para o estrangeiro”. Teresa Lago, por seu lado, garante que “a política de quem dirige o curso é empurrar os recém-licenciados lá para fora. Na sua opinião “a saída é saudável, possibilita abertura de horizontes e abre janelas de oportunidades”.

Desilusão, saudades e medo do futuro: percursos diferentes

Alexandre Aibéo, que iniciou os seu estudos na licenciatura em 1993 “fascinado pelas Astronomia” e completou-os em 1998 com uma certa normalidade, é critico em relação ao comportamento da Faculdade - “ o apoio da instituição era nulo quando não era no sentido negativo”. José Silva também tem a mesma visão da Faculdade de Ciências, mas mais acutilante: a forma como a FCUP tratou o curso desiludiu-o e foi a principal razão para a sua desistência nos primeiros anos, “o curso é tratado como um parente menor, uma bizarria”. Ana Leitão, recém-licenciada, vai mais longe nas críticas e diz-se “muito desiludida” com o curso. “Os alunos de astronomia são, regra geral, bons alunos e pessoas com interesses variados, mas a maior parte daqueles que sentem a astronomia desde pequeninos acabam por sair frustrados“, acrescenta. Numa ideia certamente transversal a muitos cursos e muitas pessoas nas universidades portuguesas, Ana sentiu-se desamparada. Uma boa medida, refere,”seria a implementação de um sistema de tutores”.

Porém, segundo o Alexandre, “o curso transmitiu competências que têm sido extremamente úteis na vida profissional, bem mais do que as de licenciados em outras áreas”. São as competências e multidisciplinaridade da licenciatura em Astronomia que ainda a tornam competitiva na área científica. As áreas em que um licenciado em Física/Matemática Aplicada (ramo Astronomia) pode exercer funções são vastas, desde a física teórica, experimental, de altas energias e até instrumental, passando pela matemática pura e aplicada, geofísica, finanças, engenharia e todos os domínios onde a matemática ou a física tenham um papel fulcral.

A carreira académica de Alexandre Aibéo é um exemplo dessa transversalidade. Depois da licenciatura em Astronomia, “estava farto da área” e achou que “prosseguir estudos na mesma não me daria mais hipóteses de emprego do que as escassas que já tinha”. Seguiu-se uma passagem por uma bolsa de investigação na área de engenharia mecânica e um mestrado na mesma área, “ a experiência foi muito proveitosa”, revela. Agora é professor no Instituto Politécnico de Viseu, no departamento de engenharia, e aluno de doutoramento em Astronomia. “Ao fim de três anos em engenharia as saudades de astronomia começaram a apertar” conclui.

Para Joana Ascenso, aluna de doutoramento na maior organização de astronomia na Europa - Observatório Europeu do Sul -, a astronomia continua a fasciná-la e a surpreendê-la. Mas a insegurança ainda não desapareceu - “ considero a hipótese de me vir arrepender [de ter seguido uma carreira em Astronomia] quando acabar o doutoramento e sentir que Portugal não estar preparado para a ciência. Talvez quando chegar a isso me arrependa de ter escolhido um caminho pouco convencional.”

Oportunidades

Os novos desafios da ciência em Portugal têm surgido de uma forma acelerada. A participação no ESO, na Agência Espacial Europeia-ESA e no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear – CERN do nosso país tem aberto horizontes de trabalho em áreas em que não há tradição em Portugal. Os jovens astrónomos portugueses têm-se apercebido destas oportunidades e tentam a sua sorte com os restantes colegas europeus. Uma carreira ligada à Astronomia é, cada vez mais, um trajecto que é necessário alicerçar no estrangeiro nos diversos programa existentes.

Mais informações: http://www.adi.pt/3400.htm

O conselho

Quando alguns jovens me perguntam se devem ser astrónomos ou físicos eu pergunto-lhes: «Gostas de matemática? A matemática para ti é divertida ou é uma chatice?» Se é aborrecida, digo-lhes para não perderem o seu tempo. Com a ciência pode ter-se uma vida decente, mas não se fazem milhões, e temos muitos anos de estudo, dez ou mais, com imensa matemática e muita física.

Hubert Reeves em entrevista ao expresso em 2002

 
2005/05/08
 

À procura de água e vida em Marte

A missão Mars Express é a primeira da Agência Espacial Europeia (ESA) para outro planeta do Sistema Solar, foi lançada em 3 de Junho de 2003 e chegou a Marte no dia 25 de Dezembro do mesmo ano.

O projecto tem uma duração oficial de 2 anos, mas segundo Marcello Coradini( Director cientifico da ESA para o Sistema Solar) a “missão vai continuar por mais dois anos”. A justificação é simples: “o que nos dá boa ciência tem que continuar”. Especialmente agora que há uma oportunidade de abrir o radar que vai “penetrar” pela primeira vez pela superfície marciana. O objectivo é provar a existência de água no estado líquido no subsolo. Segundo Vittorio Formisano, o investigador principal do PFS, “é necessário perceber o que há abaixo da superfície, as pistas sobre a evolução da vida em Marte podem estar ai”.

A reunião do instrumento PFS (Planetary Fourier Spectrometer) que está a bordo da sonda espacial Mars Express, decorreu em Espinho dias 29,30 e 31 de Março, contando com a presença de mais de 30 cientistas europeus, norte americanos e japoneses que fizeram o balanço das últimas descobertas e resultados do instrumento PFS. É uma reunião bianual que se realizou em Portugal pelo facto de um grupo de astrónomos portugueses estar envolvido, pela primeira vez, no tratamento de dados da missão. O projecto MAGIC, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, envolve uma dezena de cientistas portugueses e tem como objectivo a análise dos dados da sonda Mars Express. Vai utilizar, entre outros, os dados do PFS para analisar as propriedades térmicas da superfície de Marte e participar na análise de espécies químicas menores (como o metano) na atmosfera marciana.

Os objectivos do investigador principal do PFS são, no entanto, bem mais ousados: “é necessário levar a vida até Marte. Realizar uma experiência que permita analisar a vida nos recursos ali existentes”.

 
 

Big Rip

A cosmologia moderna tem passado as últimas décadas a trabalhar em modelos para a compreensão da criação, evolução e final do Universo. Os modelos apresentados parecem saídos da literatura de ficção científica: matéria escura, energia de vácuo, energia escura.

Ao que parece, de toda a energia que conhecemos, 5 % consiste em matéria “familiar”, 25% em matéria escura (matéria detectada pela sua acção gravítica nas galáxias, estrelas e gás interestelar) e os restantes 70% em energia negra (espalha-se uniformemente por todo o Universo).

Se o acima mencionado parece bizarro, as implicações do modelo ainda o são mais. Sob a influência desta energia escura, a expansão do Universo (demonstrada em 1920 pelo astrónomo norte-americano Edwin Hubble) poderá acelerar, tornando-se tão violenta que tudo se separará, a luz das estrelas, as rochas, os animais e até os próprios átomos. Os autores desta “estranha” hipótese calcularam que tal acontecerá daqui a 2x1010 anos.

Até lá, novas teorias vão aparecer e o nosso futuro poderá ser reescrito. Ou não.

Mais informações: http://www.newscientist.com/news/news.jsp?id=ns99993461

 
 

Marte sempre despertou a nossa atenção, são várias as referências culturais: banda desenhada, cinema, literatura de ficção científica, etc. Mas desde que o astrónomo italiano Schiaparelli, no séc. XIX, apontou para a existência de uma civilização em Marte, a questão da vida em Marte despertou o interesse na comunidade científica.

É claro que a teoria actual anda longe da imaginação fértil de Schiaparelli – observou características geológicas em Marte que pareciam canais construídos por seres inteligentes. A procura de provas para a existência actual ou passada de vida em Marte tem ocupado um grande número de químicos, biólogos, bioquímicos, astrónomos e astrobiólogos. A presença de metano (CH4) na fina atmosfera de Marte parece ser um resultado satisfatório desta procura.

Alguns grupos de investigadores apontam para 250 partes por mil milhões deste gás na atmosfera marciana, o que é um resultado elevado e inesperado. O metano é um biomarcador muito importante. Alguns microrganismos são responsáveis por uma parte substancial do metano na nossa atmosfera. Por processos fotoquímicos o metano é destruído – sem uma contínua produção rapidamente desapareceria da atmosfera. Sendo evidente a sua presença na atmosfera de Marte, só falta agora encontrar o processo responsável.

Mais informações: Formisano et al., Detection of Methane in the Atmosphere of Mars, Science 2004 306: 1758-1761



 
2004/12/09
 
A chegada à Lua por parte da humanidade é um dos seus maiores feitos e fica como o facto mais importante do último século.
Mas passados mais de 30 anos do primeiro passo de Niel Armstrong na Lua, os mais cépticos continuam a questionar a veracidade deste acontecimento.
Desde o inicio do ano que cadeias televisivas, como a americana FOX, ou a francesa TV5, produziram diversos documentários sobre este tema. A TV5 foi mais longe e afirma que a administração Nixon desenvolveu um programa “secreto” no sentido de fabricar a chegada do homem à Lua, filmagens dirigidas por Stanley Kubrick, realizador das maiores obras do cinema “2001 – Odisseia no Espaço”. Para tal contava com depoimentos de Henry Kissinger, um nome importante da administração da NASA na década de 60, que segundo o mesmo, se opôs a esta decisão.

Os apoiantes desta teoria de conspiração apoiam-se em diversos factos. Um deles é a inexistência de estrelas no fundo das imagens que foram capturadas pelos astronautas. Para eles, na noite lunar o céu deverá ser, e é, muito estrelado e essas fotografias deveriam captar as estrelas desse mesmo céu. Mas é difícil capturar algo muito brilhante e algo muito ténue na mesma película. Quer os fatos dos astronautas quer o brilhante solo lunar ofuscaram completamente o céu estrelado, ficando apenas registado o astronauta, a superfície lunar e um céu muito escuro.
Porventura, a maior prova da ida do homem à Lua é a quantidade de rochas lunares trazidas pelos astronautas, 380 quilogramas destas rochas.
Para o Dr. David McKay, director do departamento de ciências planetárias da NASA, as amostras lunares quase que não tem água na sua estrutura cristalina, água que é muito comum nas rochas terrestres”. Mas as evidências geológicas não ficam por aqui, as rochas trazidas pelos astronautas das missões Apollo apresentam muitas pequenas crateras devido ao impacto de meteorito, o que só poderá acontecer em locais com pouca ou nenhuma atmosfera, como na Lua”.
As amostras lunares foram distribuídas por diversos centros de investigação em todo o mundo, incluindo Portugal, e foram muitas as publicações científicas que analisaram em detalhe os diversos aspectos geológicos e químicos destas rochas e nenhum questiona a veracidade das mesmas.

Talvez todas as dúvidas possam ficar esclarecidas dentro de muito pouco tempo. Astrónomos europeus vão utilizar o maior telescópio do mundo, o VLT-Very Large Telescope para observar os restos das naves espaciais deixadas na Lua. Construído pela organização europeia para a Astronomia, ESO, o VLT é um telescópio localizado no Chile e é constituído por 4 telescópios com espelhos de 8 metros e quando estiverem em funcionamento conjunto poderão observar um cabelo a 15 quilómetros de distância. Com esta resolução os astrónomos europeus esperam obter imagens dos módulos lunares e estas serão as primeiras imagens dos módulos não obtidas pela NASA.
O Dr.West, astrónomo no VLT, faz questão de afirmar que “Não questionamos a veracidade da alunagem, apenas faremos as observações pelo desafio científico”.

Publicado originalmente no Diário XXI dia 15 Dez 2001, na revista digita ag100.org no número menos 5 e Guia de Actividades: À Volta do Sol - ISBN:972-98622-6-5



 
2004/12/03
 

Em entrevista à revista Visão nº 500, o físico e biólogo Alexandre Quintanilha dizia-nos que “o séc. XIX foi a era da Química e o séc. XX a da Física do mesmo modo que o séc. XXI será da Biologia.” É desta forma, algo visionária, que este cientista nos resume dois séculos de Ciência e nos lança pistas para o futuro da mesma. Se no século anterior a física apresentou dos maiores desenvolvimentos nos domínios da relatividade ou da mecânica quântica, passando pela física das altas energias até à das baixas temperaturas, a alvorada do novo século trouxe algumas das mais mediáticas investigações na área da biologia, desde a clonagem até ao mapeamento do ADN humano. Não foi só na biologia que estes resultados se notaram, em todas as áreas o desenvolvimento tecnológico tem impulsionado um conhecimento científico. A Astronomia não é excepção, novos telescópios como o VLT-Very Large Telescope o maior telescópio terrestre alguma vez construído, fruto da cooperações de vários países da Europa (incluindo Portugal) mais o sul-americano Chile, LIGO – Laser Interferometer Gravitational Wave Observatory, que nos pode ajudar a resolver um dos enigmas deixados por Einstein, a existência de ondas gravíticas, e o lançamento do futuro telescópio espacial, o telescópio espacial James Webb, que vai trazer até nós algumas belas imagens a que o Universo nos tem habituado. Estes grandes investimentos financeiros são um pesado fardo nos orçamentos dos países envolvidos e a recessão económica que se sente a nível internacional tem abrandado alguns destes projectos. Mas há uma nova ciência a despontar, a Astrobiologia.
A Astrobiologia é fruto de um esforço conjunto entre Astronomia e a Biologia (mas também da Química e a Geologia) na tentativa de explicar a origem da Vida, quer no planeta Terra quer noutros planetas.
Desde 1995 que a descoberta de planetas extra solares trouxe para as primeiras páginas dos jornais, uma questão que tantas vezes já nos colocámos: “ Estaremos sozinhos no Universo?”. Esta questão tem duas respostas possíveis: sim e não. Um grupo de astrobiologos afirma que é comum existência de vida na nossa Via Láctea. Por outro lado, a hipótese da vida ser rara no Universo, é defendida por um grande grupo de investigadores, colocando a Terra como um dos únicos locais ideias para o aparecimento de vida.
Para a vida, tal como a conhecemos, despontar são necessários alguns ingredientes, tais como água, uma fonte térmica, e constituintes químicos baseados no carbono. A Astrobiologia pretende estudar com detalhe esse sistema físico-químico e tentar perceber se a vida poderá ter aparecido em algum dos planetas até agora descoberto. Os excelentes resultados de experiências realizadas nos últimos anos, como a descoberta de vida em locais terrestres onde era inimaginável a mesma, vieram permitir o financiamento de sondas espaciais, especializadas na procura de planetas parecidos com a Terra, que brevemente vão-nos revelar mundos novos e que poderão transformar de forma drástica as ideias cientifico filosóficas de concepção de vida.
Será a maior descoberta do século XXI a existência de Vida para além do nosso pequeno planeta Terra?


Publicado originalmente no Diário XXI dia 15 Nov 2001 e na revista digita ag100.org no número menos 5.
 
2004/11/11
 


Imaginem uma moeda a ser lançada ao ar. Agora imaginem a cair como uma determinada velocidade (que só depende da altura a que foi lançada), quando tocar no solo com que face vai ficar voltada para cima? Cara ou coroa? Nunca conseguiremos ter 100% de certeza. Embora só duas variáveis estejam envolvidas: a velocidade de rotação e o modo como toca o solo. Teoricamente, deveria ser possível controlar estas variáveis e saber exactamente em que posição a moeda ficaria. Na prática, é impossível controlar exactamente a velocidade de rotação e quão alto ela é lançada, podemos controlar as variáveis num certo intervalo, mas sem precisão suficiente para conhecer o resultado final. Ou seja, pequenas variações das condições iniciais vão-nos levar a um resultado completamente distinto: Uma pequena alteração das condições iniciais do sistema podem, drasticamente, alterar todo o comportamento do sistema numa escala mais alargada; o efeito borboleta: o bater de asas de uma borboleta provoca uma pequena alteração no estado da atmosfera, passado um certo período de tempo essa pequena alteração pode provocar um tornado na Nova Zelândia. São estes pequenos detalhes, as pequenas alterações em determinadas variáveis, em sistemas de larga escala aparentemente desordenados e aleatórios que a teoria do caos pretende estudar. A organização na informação desordenada.
O próprio batimento cardíaco tem um comportamento caótico. O intervalo de tempo entre batimentos cardíacos não se mantém constante; depende, muito, da actividade que uma pessoa realiza, por exemplo. Sob certas condições o batimento cardíaco pode acelerar, sob outros efeitos pode ser arrítmico, o chamado batimento caótico. A análise deste tipo de batimento pode ajudar os médicos a encontrar um modo de ajudar o restabelecimento do batimento cardíaco ao seu estado normal.
Mas é, porventura, fora da ciência que as aplicações da teoria do caos são mais conhecidas. O fractal como forma de arte foi assumida pela arte assistida por computador. Com uma simples formula um computador consegue fazer evoluir um sistema até criar uma bela árvore, fractal.
O Caos já deixou as marcas na ciência e na arte, mas existe imenso para ser descoberto nesta área. Muitos físicos acreditam que a nova física assenta em três teorias: Relatividade, Mecânica Quântica e Caos. Combinadas poderão dar resposta a muitas das questões em aberto da física moderna.
 
2004/04/06
 




Já há muito ultrapassado o meio século de edições, a Sky & Telescope renovasse com uma nova imagem e linha gráfica. O logotipo continua igual, mas para que
mudar uma das imagens mais conhecidas no mundo da Astronomia. Tal como o vermelho e branco da Coca-Cola também o vermelho e branco da Sky & Telescope tornou-se uma referência nas publicações em Astronomia.
Os conteúdos são muito bons, actuais quão bastem e muito esclarecedores. Fruto de uma equipa editorial e de colaboradores conceituados nos assuntos que redigem.
Mas a grande mudança da edição de Maio foi a imagem, com mais espaço nas páginas e com cores e formas mais simples e mais atraentes a revista ganhou espaço e dinâmica não usual numa revista desta natureza. Posso dizer que a nível de design está ao nível de uma Wired ou mesmo da referência Wallpaper.
A exploração do planeta Marte faz capa (ponto negativo desta renovação) na edição do mês de Maio. Mas artigos como o do Trânsito de Vénus ou o “Commonsense Guide to Cosmic Nonsense” de Philip C. Plait são essenciais.
Vale a pena gastar os 5€ que a revista custa para apreciar as mudanças desta referência na divulgação de Astronomia.




Dos mesmos editores da Sky and Telescope, A revista NightSky pretende ser uma revista de introdução à Astronomia e às técnicas de observação.
Ainda não tive oportunidade de a ver pelas bancas, mas a qualidade não deve defraudar as expectativas que o corpo editorial da Sky and Telescope nos habituou.


Sky&Telescope
Night Sky Mag
 
ciência em geral| astronomia em particular| por pedro r.

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